quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

HSBC e Itaú BBA cortam Petrobras; Barclays recomenda evitar Vale.

As "blue chips" da bolsa brasileira - as ações com maior liquidez - foram alvo de revisões nesta semana. A Petrobras teve cortes de estimativas de preços-alvo e a Vale ganhou um aviso para ser evitada.
Nas visões do Itaú BBA e do HSBC, a petroleira deve enfrentar um 2014 turbulento. A primeira casa reduziu o preço-alvo das ações preferenciais da Petrobras de R$ 23,60 para R$ 22,50. Na mesma toada, o HSBC cortou o preço-alvo da Petrobras de R$ 19,00 para R$ 15,00.

O novo preço definido pelo Itaú BBA resulta de ajuste no modelo de análise para levar em conta os investimentos em Libra, ajuste na curva de produção, alta dos preços do petróleo em 2014 e 2015, e o aumento abaixo do necessário dos preços do diesel e da gasolina no ano passado.

No relatório, assinado por Paula Kovarsky, Diego Mendes e Ricardo Paranhos, o banco brasileiro mantêm a recomendação da Petrobras em "desempenho de mercado", admitindo que isso foi feito mesmo após a "fraca performance das ações recentemente" e ressaltando também que a incorporação de Libra aumenta a despesa de investimentos, já que o campo gigante só começará a gerar receitas por volta de 2023. Os analistas apostam ainda que a Petrobras aumentará em mais de 4% os preços da gasolina e diesel após anúncio do Plano de Negócios 2014-2018.

Sobre a produção, que vai aumentar com a entrada em operação de nove plataformas, a estimativa é que feche o ano em uma média de 2,057 milhões de barris, o que representa um aumento de 126 mil barris/dia.

Já no relatório do HSBC, os analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia afirmam que a desvalorização do real e o potencial aumento do preço dos combustíveis ante o aumento da produção são os principais vetores do resultado da Petrobras em 2014.
Eles calculam que a depreciação de 6% do real em relação à moeda americana vai provocar uma perda adicional de US$ 2 bilhões no segmento de refino.

Segundo os analistas, a atual política de preços, que força a Petrobras a vender combustíveis no Brasil com preço abaixo do mercado internacional, já levou a companhia a perder US$ 32 bilhões desde 2010. Nesse ambiente, a desvalorização do real é uma das variáveis mais importantes. Mesmo com a ação da empresa no menor valor desde 2001, os analistas do HSBC afirmam que as ações não são negociadas com um desconto atraente.

Entre as ações de maior peso no Ibovespa, a Vale também sofreu revisão. O Barclays recomendou aos investidores que fiquem longe de companhia brasileira.

O banco britânico estima que, com o aumento da oferta do minério de ferro e a menor procura, principalmente da China, os preços vão cair neste ano, pesando sobre a rentabilidade da companhia.

A brasileira é a maior produtora da commodity no mundo e recentemente, com a venda de ativos considerados não estratégicos, concentrou ainda mais sua geração de receitas no minério. Os analistas afirmam que é melhor voltar as atenções para a Southern Copper, do México.

Além de Petrobras, o HSBC reduziu seu preço-alvo para as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) do Pão de Açúcar de R$ 142 para R$ 128. Mas segue com recomendação de compra e aponta a empresa como sua favorita no setor de alimentos na América Latina. O novo preço ainda embute potencial de alta de 36% em relação ao fechamento de terça-feira.

O corte no preço reflete principalmente a diminuição da participação da companhia nos resultados da Via Varejo, após a conclusão da oferta secundária de ações da empresa de eletroeletrônicos, que reúne Ponto Frio e Casas Bahia. Com a operação, a fatia do Pão de Açúcar na empresa passou de 52,4% para 43,3%.

Por Cláudia Schüffner, Natalia Viri e Renato Rostás | De Rio e São
Fonte: Jornal Valor Econômico