sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Com Selic baixa, poupança já rende mais que alguns fundos de investimento.


A taxa básica de juros (Selic) vem caindo desde agosto de 2011, quando o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou o processo com a Selic em 12,5% ao ano. Na última reunião, em 18 de janeiro, a taxa sofreu sua quarta queda consecutiva, atingindo 10,5% e, segundo estimativa do mercado, deverá continuar caindo ao longo de 2012. O Boletim Focus - uma pesquisa do BC junto a instituições financeiras -, por exemplo, projeta a Selic em 9,5% no final do ano, enquanto que o próprio Copom admitiu nesta semana grandes chances de a taxa ficar abaixo de 10%.

Levando em conta que uma boa parte das opções de investimentos remunera com base na taxa básica de juros (como o CDB, os fundos DI e os títulos do Tesouro Nacional), a queda da Selic, automaticamente, torna mais atrativas formas de investimentos que não têm ligação com a taxa, como a poupança, por exemplo, que conta ainda com a vantagem de não ter incidência do Imposto de Renda (IR), tampouco taxa de administração.
A poupança tem rendimento anual previsto em lei de 6% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), que pode variar, mas tem fica em torno de 0,2% ao mês. Assim, a remuneração da poupança mensal é de aproximadamente 0,6% por mês.

Em uma comparação, a Associação Nacional dos Executivos em Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) mostra que neste cenário atual de Selic em 10,5% ao ano já é possível encontrar situações em que a poupança seja mais rentável que Fundos DI, por exemplo, cuja rentabilidade é fixa e muito próxima à da taxa básica de juros, e, ao contrário, da poupança, tem taxa de administração (que varia de 0,5% a 4% sobre o total investido) além de sofrer incidência do IR.
A taxa de administração é um valor anual cobrado sobre o total investido. Ou seja, com uma taxa de administração de 1% ao ano, um investimento de R$ 100 já é descontado em R$ 1 em um ano (ou proporcionalmente, se o tempo for menor).

Já as alíquotas do IR que incidem sobre o investimento são quatro, variando de acordo com o tempo. Quanto maior o tempo investido, menor o tributo a ser pago. Assim, o contribuinte pagará 22,5% em aplicações de até seis meses. Já para o prazo entre seis meses e um ano, a taxa cai para 20%. Entre um e dois anos, a alíquota recua para 17,5%, e acima de dois anos de aplicação, cai para a menor taxa da tabela, 15%.

Atualmente, considerando um rendimento anual da caderneta de poupança de 7,6%, (0,61% ao mês), Fundos DI com rendimento de 10,5% ano e taxa de administração de 1%, só são mais rentáveis que a poupança para aplicações acima de um ano. Já se a taxa cobrada pelos bancos for superior a 1%, a poupança será mais rentável, independente do prazo de aplicação.

Por exemplo, se o investidor aplica R$ 100 em um fundo DI, com rendimento de 10,5% ao ano e taxa de administração de 1,5%, terá, ao final do período de um ano, e, portanto, pagando alíquota de 17,5% de IR, R$ 107,03, ante R$ 107,6 obtidos com a poupança.

Taxa de administração
Nos principais bancos do País, a taxa de administração varia conforme o montante investido, de forma que quanto maior a aplicação, menor a taxa. No Itaú, por exemplo, entre os fundos referenciados DI, o que tem a menor taxa (1,2% ao ano) exige investimento mínimo de R$ 100 mil, enquanto que para aportes menores, a partir de R$ 1 mil, a taxa sobe para 2,7% ao ano.

Já no Bradesco, a diferença é ainda maior para produtos de investimentos semelhantes. Aplicações mínimas de R$ 100 têm taxa de administração de 4,5% ao ano, enquanto que para recursos acima de R$ 80 mil, recua para 1%. No Santander, investimentos a partir de R$ 100 têm taxa de 5% anual, que recua para 1,5% no caso de aplicações acima de R$ 10 mil.

No atual momento de Selic em queda, em que a poupança ganha maior atratividade e há uma migração de recursos para esta forma mais simples de investimento o vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, prevê que os bancos tendam a baixar a taxa de administração, de modo a recuperar a rentabilidade dos fundos. "À medida que os bancos vão perdendo clientes dos fundos, e esse é um dinheiro interessante para ele, a tendência é que comecem a reduzir essa taxa de administração", afirmou.

O que considerar ao investir em um fundo:
- Taxa de administração (com a Selic atual, geralmente, taxa de mais de 1,5% ao ano já não compensa em relação à poupança)
- Prazo de investimento (quanto maior o prazo, menor o imposto de renda a ser descontado)
- Montante a ser aplicado (quanto maior o valor a ser aplicado em um fundo, menor a taxa de administração)
- Tendência de variação da Selic (pode ser que a taxa ainda esteja atrativa, mas se estiver em tendência de queda, como agora, a chance de a poupança ficar mais rentável no futuro, cresce).

Fonte: ANEFAC
http://www.anefac.com.br/Pages/Visualizar.aspx?tema=8&id=5147