quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Classes C e D são a aposta das seguradoras para este ano.


Microsseguros crescem com a ascensão da renda e baixa taxa de desemprego. Mas analistas alertam para mudança na distribuição.
As classes C e D serão as responsáveis pela expansão do mercado segurador nos próximos anos por conta do maior investimento das companhias nos seguros populares, também conhecidos como microsseguros ou massificados. Segundo especialistas, as seguradoras e bancos percebem que com a baixa taxa de desemprego e ascensão da renda surge um novo tipo de cliente. No entanto, a estratégia de distribuição tende a ser diferenciada do modelo de agências bancárias e corretores, já que se trata de um público não bancarizado e há a necessidade de baixo custo operacional para manter a rentabilidade.

Segundo a diretora-executiva da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Saúde (CNSeg), Solange Beatriz, o mercado-alvo no Brasil é constituído por cerca de 128 milhões de pessoas. “Esse é um mercado com grande potencial para negócios”. A diretora utilizou como base um estudo encomendado pela CNSeg ao Centro para Regulação e Inclusão Financeira [Cenfri], da África do Sul.

A diretora de Vida da Caixa Seguros, Rosana Techima, concorda com o potencial e diz que é ainda mais promissor para o grupo Caixa. “Com a economia em crescimento, as famílias vêm se preocupando em dar uma situação de conforto.  Para a Caixa tem total aderência, porque detém maior parcela dessa população e a distribuição dos benefícios do governo federal [Bolsa-Família, por exemplo]”. Segundo Rosana, os prêmios variam  entre R$ 30 e R$ 40.

Com participação de 50% entre os seguros de vida, as apólices para a população de baixa renda começaram a ser comercializadas pela instituição financeira em 1995. No atual momento, a aposta está no Seguro Amparo, que consiste em cobertura para morte acidental, assistência funeral e sorteios, que obteve crescimento de 300% nas vendas nos últimos três anos, para 100 mil apólices ativas. “Temos estimativas de que o seguro popular vai crescer na casa dos dois dígitos a cada ano”.

O Banco do Brasil, por meio do grupo segurador BB & Mapfre, também inclui nos planos de negócios de 2012 o seguro popular. O vice-presidente de negócios de varejo, Alexandre Abreu, revelou ao DCI, durante a divulgação do balanço de 2011, que correspondem a uma  fatia de 5% a 10% do total. “Mas vamos investir e deve crescer bastante”. Abreu contou que em 60 dias será lançado um novo produto, o seguro desemprego, destinado para a perda de renda em empréstimos.

Outra novidade é a possibilidade de distribuição pela rede do Banco Postal. “Não está prevista a venda de seguros  inicialmente, mas em uma segunda etapa vamos incluir operações de seguros, previdência, capitalização, microcrédito, etc.” No contrato firmado em junho de 2011, por meio de leilão com os Correios, o vice-presidente disse que estão acordadas operações de crédito, cartão, saque, depósito, entre outros serviços.

O diretor da Vayon Insurance Solution Provider, empresa de tecnologia para  seguros, Wladimir Chinchio, a expectativa de expansão é promissora, principalmente com a aprovação  das normas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). “O mercado já trabalha com o seguro popular, mas só poderá ser microsseguro quando tiver as normas”.

O executivo lembra que o microsseguro possui características diferenciadas das tradicionais apólices. O primeiro ponto, segundo ele, é o baixo custo administrativo e operacional, já que o pagamento médio é pequeno e deve ser acessível para pessoas com renda de até três salários mínimos. “Ainda há a necessidade de eficiência e escala, principalmente na distribuição, porque tem que vender em qualquer lugar e para um público que não tem informação”.

A distribuição dos seguros, de acordo com Chinchio, deve ocorrer por meio de correspondentes bancários ou micro-centros, como salões de beleza, mercadinhos, etc. “O desafio aqui é utilizar tecnologia, como a venda de seguro por SMS no celular, POS (máquinas de cartão) ou internet”. A Vayon Insurance Solution Provider possui parceria com a Bradesco Seguros para soluções de venda pelo celular, com início das operações em março no Rio de Janeiro e São Paulo.

A diretora de Vida da Caixa Seguros, Rosana Techima,  compartilha a opinião de que a venda deve ser automatizada. “Se o processo for complicado, torna-se oneroso e o prêmio inviável. Agora se for operacional e avançado, conseguimos fazer um produto barato”. A diretora cita, por exemplo, a comercialização por ATMs.

Garantia estendida

A Brasil Insurance Classic, do Grupo Brasil Insurance, fechou parceria com a rede de supermercados D’Avó para a garantia estendida para eletroeletrônicos comprados na loja. De acordo com Marcio Mota, diretor da rede, com a nova parceria, a expectativa é de que a garantia tenha uma penetração de 23% na venda de eletroeletrônicos.

Fonte: CDI - Marcelle Gutierrez