Consórcio de
imóveis ganha fôlego em momento delicado da economia, com bancos reduzindo crédito
e aumentando restrições para compra da casa própria, além dos juros altos.
A alta dos juros, o crédito
imobiliário escasso e as novas
restrições da Caixa Econômica Federal para compra de imóveis usados têm
feito quem sonha com a casa própria apostar mais no planejamento de médio e
longo prazo e eleva a procura pelos consórcios. De janeiro a maio deste ano, a
venda de novas cotas de consórcios de imóveis no País cresceu 25,4%, ao passar
de 67,4 mil unidades nos cinco primeiros meses de 2014 para 84,5 mil neste ano,
segundo dados passados com exclusividade ao iG pela
Associação Brasileira de Administrados de Consórcios (Abac).
Para se ter um
ideia de como essa modalidade tem se sobressaído dentro do cenário econômico
negativo, entre todas as categorias de consórcio comercializadas no País houve
retração de 1,2% de janeiro a maio.
Com baixa da poupança, financiamento da
habitação volta ao debate.
Em 2014, a cidade de São
Paulo, o maior mercado imobiliário do País, fechou com o estoque em nível
recorde – quase 27 mil imóveis novos encalhados, segundo estimativas do Secovi,
o sindicato da habitação. Esse é maior nível da história, 37% acima do
registrado em 2013.
O presidente da Abac, Paulo
Roberto Rossi, acredita que essa grande procura pela carta de crédito de um
imóvel demonstra que o brasileiro está mais atento ao planejamento financeiro.
“Com todas as dificuldades atuais, as pessoas estão fazendo as contas e olhando
mais para o orçamento. Isso aumenta a disciplina e o consórcio ganha espaço
porque tem muitas vantagens. Mas esse é um produto para médio e longo prazo e o
consumidor precisa ler o contrato e entender o que está comprando, saber sobre
as contemplações por sorteio, por lance”, enfatiza Rossi.
Para Rossi, as
mudanças nas regras do financiamento imobiliário feitas pela Caixa (que tem 70%
do mercado de crédito imobiliário no Brasil) e os juros altos (que serão
carregados ao longos dos financiamentos bancários e semestrais de imóveis
comprados na planta) têm feito o consumidor pensar mais no custo de
oportunidade. “A pessoa que vai casar daqui a três meses e entra num consórcio
com a expectativa de ser contemplado nesse prazo pode se frustrar, mas isso
também pode ocorrer. O que quero dizer com isso é que consórcio é planejamento
financeiro. O bem será comprado, mas o tempo é variável. Tem de entender o
orçamento doméstico para fazer uma compra planejada, sem sobressaltos, com as
parcelas que cabem no orçamento.”
Marcela
Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil, aponta que a conjuntura atual
possibilita o crescimente da procura por consórcio. "As restrições
impostas pela Caixa de alguma forma contagiaram o mercado. Os bancos de forma
geral estão financiando menos, aumentando as exigências para fugir da
inadimplência, que tem crescido, ressalta Marcela.
Os dados mais
recentes do SPB Brasil indicam que o número de devedores no País subiu 4,79% em
maio, na comparação com o mesmo mês de 2014. Estimativa da entidade aponta que
4 em cada 10 brasileiros têm hoje seus nomes inscritos em algum serviço de
restrição ao crédito.
Rossi destaca vantagens na
compra e pagamento de consórcio.
1)
Compra de imóvel com consórcio é como pagamento à vista
“Com o alto estoque hoje no mercado imobiliário, por exemplo, é possível negociar porque a carta de crédito contemplada é como dinheiro na mão. Dá para negociar, pedir descontos.”
“Com o alto estoque hoje no mercado imobiliário, por exemplo, é possível negociar porque a carta de crédito contemplada é como dinheiro na mão. Dá para negociar, pedir descontos.”
2)
Contemplação pode ser complementada com recursos do FGTS
Ao ser contemplado, por lance ou sorteio, o consorciado consegue utilizar o saldo do FGTS para comprar um imóvel maior ou melhor localizado. É uma oportunidade de incrementar a residência ou investir em um imóvel comercial para alugar.
Ao ser contemplado, por lance ou sorteio, o consorciado consegue utilizar o saldo do FGTS para comprar um imóvel maior ou melhor localizado. É uma oportunidade de incrementar a residência ou investir em um imóvel comercial para alugar.
3)
Impostos e escritura podem ser pagos com carta de crédito
As custas de registros cartoriais – imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que é variável, mas em São Paulo é de 3% do imóvel – ou seguro do imóvel podem ser pagas pela carta de crédito, limitada em até 10% do valor do bem. Por exemplo, na compra de um imóvel de R$ 400 mil, o proprietário pode custear R$ 40 mil.
As custas de registros cartoriais – imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que é variável, mas em São Paulo é de 3% do imóvel – ou seguro do imóvel podem ser pagas pela carta de crédito, limitada em até 10% do valor do bem. Por exemplo, na compra de um imóvel de R$ 400 mil, o proprietário pode custear R$ 40 mil.
4)
Correção monetária
“A cota de consórcio contemplada tem o valor separado do bolo do grupo, porque fica salvo e sendo corrigido, geralmente pela Selic (atualmente em 13,75% ao ano), que hoje está com uma excelente rentabilidade. O contemplado precisa estudar bem o contrato antes de fechar a aquisição do consórcio, ver as regras direitinho, quais taxas corrigem o investimento ao longo dos anos”, enfatiza Rossi.
“A cota de consórcio contemplada tem o valor separado do bolo do grupo, porque fica salvo e sendo corrigido, geralmente pela Selic (atualmente em 13,75% ao ano), que hoje está com uma excelente rentabilidade. O contemplado precisa estudar bem o contrato antes de fechar a aquisição do consórcio, ver as regras direitinho, quais taxas corrigem o investimento ao longo dos anos”, enfatiza Rossi.
Fonte: IG