Com uma perspectiva de ganhos cada vez menores na renda fixa
por conta da queda na taxa básica de juros, especialistas recomendam
diversificar a carteira para assegurar uma boa rentabilidade.
Uma das opções disponíveis no mercado que tem ganhado espaço
no portfólio dos bancos e corretoras é o Certificado de Operações Estruturadas
(COE). A vantagem do produto é a possibilidade de combinar, em uma única
aplicação, segurança de um investimento em renda fixa com ganhos mais
expressivos possibilitados pela renda variável.
O investimento funciona como uma cesta de diferentes
produtos, de títulos de renda fixa a derivativos, e segue um objetivo
específico, como, por exemplo, proteção contra a alta do dólar ou da inflação.
A “blindagem” contra o risco na comparação com outras modalidades vem da
garantia, na maioria dos COEs, do valor nominal do investimento. “O COE é uma
opção segura que ‘trava’ as eventuais perdas, garantindo pelo menos o valor
inicial investido”, explica Fábio Zenaro, superintendente de produtos da B3.
Ao permitir montar várias opções conjugadas, o COE diminui o
valor total do investimento e unifica a tributação, que segue o regime da renda
fixa. Com isso, explica Eduardo Contani, especialista em finanças da Fecap, o
produto se torna um atrativo para aquele investidor com pouco conhecimento da
dinâmica do mercado de capitais.
Emitidos pelos bancos desde 2014, o COE inicialmente era um
título voltado para o público de alta renda, acostumado com investimentos
sofisticados. Com a regulamentação da oferta pública, em fevereiro de 2016, as
corretoras passaram a disseminar o produto para a sua base de clientes, baixando
o tíquete de entrada e investindo em educação financeira.
A XP Investimentos, que pulou de 10 mil clientes
posicionados em COE para 30 mil nos últimos seis meses, aposta que o
instrumento se tornará, até o início de 2018, um dos principais produtos da carteira
de seus clientes. “Estamos investindo em educação financeira. No nosso
aplicativo, temos vídeos que explicam como determinada estratégia rentabiliza o
investimento”, explica Vitor Mansur, responsável pela mesa de produtos
estruturados da XP.
Na Guide Investimentos, a maior parte dos COEs aposta na
valorização de empresas e índices de ações no exterior, como Bolsa da Alemanha,
Facebook, Tesla e Netflix. De acordo com o gerente de renda fixa da Guide,
Bruno Carvalho, ao oferecer essas opções, a corretora chegou a 763 clientes no
investimento em julho, um crescimento de 1.000% em relação a janeiro deste ano.
“Treinamos nossos assessores para atrair cada vez mais aquele cliente que quer
aplicar no exterior sem risco cambial e com capital protegido. “
Bancos
Desde o início da comercialização, o Itaú detém a maior
fatia do mercado de COEs. Hoje, seu estoque é de cerca de R$ 4,5 bilhões, ou
45% do total de R$ 9,2 bilhões que estão distribuídos no varejo, de acordo com
dados da B3. Para Eric Altafim, diretor de produtos do Itaú BBA, o COE deve
crescer cerca de 15% até o fim do ano.
No Bradesco, o diretor de Tesouraria, Paulo Waack, prevê
que, se a Selic chegar ao patamar de 8% em dezembro, conforme prevê o mercado,
é possível que haja um novo “boom” de procura pelo COE. “Conforme os clientes
observarem que suas carteiras têm rendimentos menores, acreditamos em um
crescimento substancial desse mercado. “
Entenda como funciona
o COE
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- Rentabilidade. O investidor aposta na alta ou na baixa de ativos, como índices de ações e de câmbio. Se o cenário se concretizar no vencimento do título, a rentabilidade é garantida.
- Apetite ao risco. O COE é um produto que também prevê perda de dinheiro. Por isso, as instituições financeiras são obrigadas a realizar uma análise detalhada do apetite ao risco de cada investidor.
- Liquidez. É importante conhecer bem o banco ou corretora que emite o título antes de comprá-lo, uma vez que ele não é protegido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Em caso de falência da instituição financeira, o investidor pode perder todo o dinheiro que aplicou em COE.
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